segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Mecânico de sonhos - Rosângela Trajano



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O mecânico pegou a chave
Mas não a de fendas
Uma chave suave
Que não apertava parafusos
Mas consertava lendas.
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O mecânico consertou
Um carro diferente
Não era um carro qualquer
Era um carro-gente
A mente seu motor.
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O mecânico lubrificou
Os sonhos de uma menina
Com a graxa que pegou
Na sua esquisita oficina.
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Imagem retirada do site:
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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Canção de nuvem e vento - Mário Quintana



Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe...
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento Vento Vento!
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Coraçãozinho - Henriqueta Lisboa



Coraçãozinho que bate
tic-tic
Reloginho de Papai
tic-tac
Vamos fazer uma troca
tic-tic-tic-tac
Relógio fica comigo
tic-tic
dou coração a Papai
tic-tic-tac.
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Imagem retirada do site:
turmadamonicajovemmania.blogspot.com
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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Compro um barco cheio de vento - Roseana Murray


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Compro um barco cheio de vento
com velas cor do firmamento
e uma bússola que aponte sempre
para as luas de saturno.
Compro um barco que conheça
caminhos secretos de mares desconhecidos.
Um barco feito de vento
onde caibam todos os meus amigos.
Compro um barco que saiba decifrar
os segredos escondidos
no coração das noites sem luar.
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Imagem retirada do site:
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Rio na sombra - Cecília Meireles



Som
frio.
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Rio
Sombrio.
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O longo som
do rio
frio.
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O frio
bom
do longo rio.
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Tão longe,
tão bom,
tão frio
o claro som
do rio
sombrio!
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Imagem retirada do site:
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mozart no céu - Manuel Bandeira




No dia 5 de Dezembro de 1791 Wolfgang Amadeus Mozart
entrou no céu, como um artista de circo, fazendo
piruetas extraordinárias sôbre um mirabolante cavalo branco.
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Os anjinhos atónitos diziam: Que foi? Que não foi?
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas suplementares
superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço dos anjos.
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Canção da garoa - Mário Quintana


Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.
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O relógio vai bater;
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.
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E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...
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Desenho de Ruth Morehead
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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O sapo - Ferreira Gullar

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Aqui estou eu: o Sapo,
Bom de pulo e bom de papo.
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Falo mais que João do Pulo,
Pulo mais que João do Papo.
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Por cautela, falo pouco,
Pra evitar de ficar rouco.
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Mas, na verdade, coaxo.
Sou quem toca o contra-baixo
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em nossa orquestra de sapos,
pois com os sons de nossos papos
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fazemos nosso concerto:
um som fechado, outro aberto,
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um que parece trombone,
outro flauta ou xilofone.
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Tocamos em qualquer festa.
O nosso e-mail é orquestra
@sapos.com.floresta>.
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Imagem retirada do site:
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Mapa do tesouro - Roseana Murray



Fabrico um mapa do tesouro
para assinalar
as casas de todos os meus
amigos
com pedrinhas transparentes.
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Para dentro de cada casa
carrego o meu olhar
aceso como girassol.
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Casa de amigo vale mais
que montanhas de ouro.
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Imagem retirada do site:

http://www.anmm.gov.au/
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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Quadrinhas...


Borboleta multicor
tu me lembras, ao passar,
um bilhetinho de amor
dobrado em dois, a voar…
(J. G. de Araújo Jorge)
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Imagem retirada do site:
http://www.minirecados.com/i/9a/49/2135.gif
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Estrela cadente - Roseana Murray



Quando eu estiver
com o olhar distante,
maninha,
com um jeito esquisito
de quem não está presente,
não se assuste,
ó maninha,
fui logo ali,
no quintal do céu,
colher uma estrela cadente.
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Poemas de Céu, ed. paulinas
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Ilustração de Sara Key
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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Rola-Rola - Eloí Elisabet Bocheco


Rola serras

Rola águas

Meu destino

de Babel.

Rolou pela

Ribanceira

a pedra do

meu anel.

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Rolam morros

Rolam várzeas

minhas contas

de coral.

Vem a saudade

e se mira numa

bola de cristal.

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Não rolo triste

Vou cantando.

Não rolo à toa

Vou sonhando.

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Figura de Sara Key

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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Riachinho - Roseana Murray


As águas claras
me contam segredos
de sol, de céu, de ar
e cantam acalantos
de ninar
enquanto correm ligeiras
da montanha para o mar.

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Fardo de carinho,
ed. Lê,
ilustrações de Elvira Vigna


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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Comer chocolate - Rosângela Trajano

Comer chocolate
Guardar um
Dentro da fronha
Do meu travesseiro
Quem sabe ele sonha
Ou até vira brigadeiro.
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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Hino à Pátria - Francisca Júlia

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Pátrio Céu, amplitude tranqüila
De brilhante celagem azul,
Céu da Pátria, onde fulge e cintila
Toda noite o Cruzeiro do Sul,
Céu azul, onde a nuvem eu passa,
Coando a luz do luar, como um véu,
Cora e ri toda cheia de graça...
Pátrio Céu, glória a ti, Pátrio Céu!
A esta Terra, onde o engenho divino
Esgotou seu poder criador,
Brasileiros, cantemos um hino,
Hino feito de glória e amor.
Terra ideal, de extensões infinitas,
Cheia de ouro e de amor, Terra ideal,
Que, amorosa e cativa, palpitas
Às carícias de um sol tropical,
Pátria amada, onde a luz tanto brilha,
Esplendores são tantos os teus
Que tu és a maior maravilha
Das que existem criadas por Deus.
A esta Terra, onde o engenho divino
Esgotou seu poder criador,
Brasileiros, cantemos um hino,
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Hino feito de glória e amor.
Pátria amada, tão pródiga e rica,
E de quem nenhum filho descrê,
Pátria amável, a quem se dedica
Todo aquele que um dia te vê,
Se ao teu brilho se juntam mais brilhos,
Como a um sol vêm juntar-se mais sóis,
Agradece-o também aos teus filhos
Pelo afeto tornados heróis.
A esta Terra, onde o engenho divino
Esgotou seu poder criador [...]
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Imagem retirada do site:
cantinholudicodagre.blogspot.com
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O menino que descobriu as palavras - Cineas Santos


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Era, uma vez, um menino
Que, ainda bem pequenino,
Descobriu, todo contente,
Que palavra é que nem gente:
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Umas são festas e alegria,
Como palhaço e folia;
Outras são sempre tristeza,
Como doença e pobreza.
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Percebeu o menininho
que a palavra carinho
Até as plantas entendem,
Todos os seres compreendem,
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Não se conteve e gritou:
"Carinho é filho do Amor!"
O menino descobriu,
Ficou feliz e sorriu,
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Que algumas são brilho, luz,
Como a palavra Jesus;
Outras são dura verdade,
Como tempo, dor, saudade;
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Palavras, pura beleza,
Como homem e natureza.
Palavras, só emoção,
Como poesia e canção.
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Descobriu que a mais querida
É sempre a palavra Vida.
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O menino, então, dormiu
E uma palavra o cobriu,
Lençol que não é de pano,
Feito de paz e de sono.
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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Visita - Ribeiro Couto

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Um raio de sol atravessa a janela.
Alegria entrou com esse raio de sol.
Como está claro agora o meu quarto de doente!
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Se eu fosse um raio de sol não desceria a um quarto de doente.
Iria para aquela nuvem que vai passando lá longe,
aquela nuvenzinha branca no céu azul,
para viajar com ela, para ser feliz...
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Entretanto, fica, raio de sol.
Espera um momento, raio de sol...
Meu raio de sol...
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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Bailarina - Rosângela Trajano


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Baila na ponta do pé
Baila e baila no ar
Tão arrumadinha
A linda menina
Baila bailarina
Minha avezinha.
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Bailarina pequenina
Que voa no ar
Magrinha e sorridente
Pássaro a voar.
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Bailarina bonitinha
Me ensinou a bailar
Como é difí­cil
Minha bailarina
Na vida se equilibrar!
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A bailarina
Mais parece
Uma flor
Leve, levinha
Um amor
Uma gracinha.
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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ciranda de mariposas - Henriqueta Lisboa



Vamos todos cirandar
ciranda de mariposas.
Mariposas na vidraça
são jóias, são brincos de ouro.
Ai! poeira de ouro translúcida
bailando em torno da lâmpada.
Ai! fulgurantes espelhos
refletindo asas que dançam.
Estrelas são mariposas
(faz tanto frio na rua!)
batem asas de esperança
contra as vidraças da lua.
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Por Cyro de Mattos


O Galo - Francisca Júlia

Passo lento, olhar profundo,
Valente, brioso e grave,
O galo é a mais linda ave
Dentre todas que há no mundo.
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Um pé adiante, outro atrás,
Bico aberto, o galo canta;
Tem a glória na garganta
E nas esporas que traz.
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O galo é sempre o primeiro
A anunciar as auroras.
Repara bem: tem esporas
E é por isso cavaleiro.
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Coroa tem e de lei,
Coroa em forma de crista
Que ganhou numa conquista:
Por isso julga-se rei.
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Pendentes até o peito,
Vermelhas, grandes e belas,
Tem barbas que são barbelas
Que lhe dão muito respeito.
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Com que delicado amor
Ele defende e acarinha
Ora o pinto, ora a alinha
Com seu gesto protetor!
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De cabeça levantada,
Altivo sobre o poleiro,
Ele é o rei do galinheiro
E o cantor da madrugada.
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Vivem todos sob a lei
E ordens que o galo decreta:
Soldado, músico e poeta,
Pastor, cavaleiro e rei!
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Imagem retirada do site: etablissements.ac-amiens.fr
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

PREVENÇÃO CONTRA A GRIPE A

ATENÇÃO QUERIDAS CRIANÇAS!!!
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VEJAM O CLIPE DA TURMA DA MÔNICA E SIGAM AS ORIENTAÇÕES RECOMENDADAS!
SAÚDE E PREVENÇÃO!
BEIJINHOS

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ciranda - Cecília Meireles


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Eu queria ser a rosa
lá-lá-rá-lá-lá-lá-lá,
E, vivendo num jardim,
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Ter besouros, borboletas,
lá-lá-rá-lá-lá-lá-lá,
Cirandando ao pé de mim ! ...
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Eu queria ser a praia,
Ló-ló-ró-ló-ló-ló-ló.
Onde as ondas vão brincar;
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E seria toda a vida,
Ló-ló-ró-ló-ló-ló-ló.
Bem querida pelo mar !
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Eu queria ser estrela,
Li-li-ri-li-li-li-li,
sendo a noite minha irmã,
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Para despontar à tarde,
Li-li-ri-li-li-li-li,
E esconder-me de manhã ! ...
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terça-feira, 28 de julho de 2009

As Meninas - Cecília Meireles



Arabela
abria a janela.
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Carolina
erguia a cortina.
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E Maria
olhava e sorria:
"Bom dia!"
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Arabela
foi sempre a mais bela.
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Carolina
a mais sábia menina.
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E Maria
Apenas sorria:
"Bom dia!"
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Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.
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Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de amizade:
"Bom dia
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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Os números do menino guloso - Luísa Ducla Soares


Dá-me bolinhos
mas não só um.
Desde o almoço
faço jejum.
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Dá-me bolinhos
mas não só dois.
Como um agora
outro depois.
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Dá-me bolinhos
mas não só três,
que os vou papar
duma só vez.
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Dá-me bolinhos
mas não só quatro,
para os provar
logo no quarto.
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Dá-me bolinhos
mas não só cinco.
Com tanta fome
eu bem os trinco.
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Dá-me bolinhos
mas não só seis,
todos maiores
que bolos reis.
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in Poemas da Mentira e da Verdade, Livros Horizonte
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Ilustração: Petra Elster
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terça-feira, 2 de junho de 2009

O Relógio - Vinícius de Moraes

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Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Tic-tac…
..

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cachorradas - José Paulo Paes



- Você sabe por que o cachorro entra na Igreja?
- Ora, essa quem não acerta?
Porque a porta estava aberta!
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- E você sabe por que ele sai?
- Porque a porta estava aberta.
- Não, errou: porque ele entrou!
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- E quando é que o cachorro não pode entrar?
- Quando a porta está fechada.
- Que nada! Quando já está lá dentro.
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- E para terminar: sabe por que o cachorro
ergue a perninha e a encosta no poste
quando está necessitado?
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- É porque uma vez o poste caiu em cima do coitado!
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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Quem sou eu? - Pedro Bandeira


Eu às vezes não entendo!
As pessoas em um jeito
De falar de todo mundo
Que não deve ser direito.
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Aí eu fico pensando
Que isso não está bem.
As pessoas são quem são,
Ou são o que elas têm?
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Eu queria que comigo
Fosse tudo diferente.
Se alguém pensasse em mim,
Soubesse que eu sou gente.
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Falasse do que eu penso,
Lembrasse do que eu falo,
Pensasse no que eu faço
Soubesse por que me calo!
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Porque eu não sou o que visto.
Eu sou do jeito que estou!
Não sou também o que eu tenho.
Eu sou mesmo quem eu sou!
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Porquinho-da-Índia - Manuel Bandeira



Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .
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— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
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segunda-feira, 16 de março de 2009

Infância - Maria Inês Chaves de Andrade


Na pereira alta
A pera
Desesperada
Espera pela
Boca peralta
Que perambula
Pela pirambeira
E perante a pera
Nem acha a pereira alta.
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Imagem retirada do site:
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sexta-feira, 6 de março de 2009

O girassol - Vinícius de Moraes / Toquinho



Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu O girassol
Fica um gentil
Carrossel
Roda, roda, roda
Carrossel
Roda, roda, roda
Rodador
Vai rodando, dando mel
Vai rodando, dando flor
Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
Roda, roda, roda
Carrossel
Gira, gira, gira
Girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol
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Fotografia de Kim Anderson
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terça-feira, 3 de março de 2009

Pião - Roseana Murray



Um pião se equilibra

na palma da mão,

no chão, na calçada,

e alado vai rodando

por cima dos telhados,

gira entre as nuvens,

cada vez mais alto,

até que num salto

alcança a lua

e rola

até o seu lado oculto.

Faz a curva o pião

e ruma para Saturno,

tropeça nos anéis,

dá três cambalhotas,

se pendura

numa estrela cadente

e, sem graça,

volta para a palma da mão.

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Por Monteiro Lobato ...

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"Os outros animais só inventaram para dois fins: garantir a alimentação e a morada. Conseguindo isso, pararam. Parece que o espírito inventivo deles adormeceu. O homem, não. Quanto mais inventa, mais quer inventar e mais inventa. Nunca parou, nem nunca parará. E a coisa vai com tamanha velocidade, que é impossível prever o que seremos daqui a alguns milhares de anos." (in História das Invenções)
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Imagem retirada do site:
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A casa do João - Natércia Rocha



Aqui está a casa
que fez o João.
Aqui está o saco do grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.
Aqui está o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.
Aqui está o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.
Aqui está o cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa que fez o João.
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Imagem retirada do site:
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O poeta aprendiz - Vinicius de Moraes / Toquinho



Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante
Anos tinha dez
E asas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc
O olhar verde gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava o mergulho
Sem fazer barulho
Em bola de meia
Jogando de meia-direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar
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Imagem retirada do site:
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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Língua de Nhem - Cecília Meireles


Havia uma velhinha
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
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E estava sempre em casa

a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
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O gato que dormia

no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
.
a miar nessa língua

e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
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Depois veio o cachorro

da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
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e todos aprenderam

a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
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De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
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ficou toda contente,

pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Viagem - Cleonice Rainho



Lá vai o navio,
cortando o mar.
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Lá vai o avião,
furando o ar.
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É azul o céu
e verde o mar.
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E eu fico pensando
na cor da saudade
que os viajantes levam
da terra e do lar.
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Hoje peço licença a vocês queridos leitores para desabafar.
Postei esse poema com um grande aperto no peito,
pois meus filhos saíram de férias hoje para Recife com o pai deles por um semana.
A mamãe coruja vai ficar com o coração pequeno e apertado.
Meus príncipes, amo vocês e sentirei muitas saudades.
Aproveitem bem a viagem!
Beijos.
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Imagem retirada do site:
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Maroca: a vovó cocota - Elias José



Vovó Maroca
toda cocota
toda vaidade
setenta anos
é mais pra frente
que muita gente
de pouca idade.
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Vovó Maroca
se é calor
apanha a tanga
pega a motoca
vai pegar cor.
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Vovó Maroca
se vai a festa
não se definha
não perde a linha
e ainda testa
o que é novidade
pra mocidade.
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Vovó Maroca
se apruma
e se arruma
é um modelo
frente ao espelho.
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Só “jeans” azuis
bata estampada
pouca pintura
e nada de tintura
no seu cabelo.
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Vovó Maroca
não tem segredo.
E se há problema
só há um lema:
não ter medo
e enfrentar a vida
de cabeça erguida.
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Imagem retirada do site:
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Fundo do mar - Sophia de Mello Breyner Andresen


No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A tartaruguinha - João de Deus Souto Filho


A tartaruguinha
Do pifuripafo
Não pifuripafa
Na pifuripinha.
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O tartaruguinho
Só pifuripafa
Com a tartaruguinha
Na pifuripinha.
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Um, dois, três - Eugénio de Andrade


Um, dois, três.
lá vai outra vez
o gato maltês
a correr atrás
da franga pedrês,
talvez a mordesse
apenas no pé,
o sítio ao certo
não sei bem qual é
(quatro, cinco, seis),
ou só lhe arranhasse
a ponta da crista,
e talvez nem isso,
seria só susto,
ou nem sequer mesmo
foi susto nenhum:
sete, oito, nove,
para dez falta um.
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Por Olavo Bilac ...


"É preciso, desde a infância
Ir preparando o futuro;
Para chegar à abundância,
É preciso trabalhar.
Não nasce a planta perfeita,
Não nasce o fruto maduro,´
E para ter a colheita
É preciso semear."
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